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10 de Março de 2019

Onde Cristo está vivo, o pecado está morto!

Carta Pastoral para a Quaresma de 2019

Queridas irmãs, queridos irmãos,

É como muita alegria que começo convosco este tempo de Quaresma. Sim, alegro-me convosco porque estes 40 dias de preparação para a festa da Páscoa conduzem-nos, de uma forma particularmente intensa, a uma tomada de consciência do fundamento da nossa vida cristã: o amor profundo e fiel a Deus e aos homens.

Para isso, procuremos, com toda a honestidade, quais são os obstáculos, que consciente ou inconscientemente, nos impedem de viver este amor. Só assim poderemos reconhecer as zonas mais recônditas da nossa existência que precisam, como pessoa e como Igreja, de uma conversão, de uma verdadeira reorientação interior.

O processo de conversão autêntica é de alguma forma doloroso porque nos põe perante a nossa situação de pecadores. Mas apesar disso, a conversão conduz-nos acima de tudo a uma renovada e viva relação com o Senhor e com os nossos irmãos e irmãs, relação essa que se transforma em fonte de amor.

Como é do vosso conhecimento, a Igreja passou nas últimas semanas por uma situação difícil, marcada pelo signo da vergonha e não da alegria. Enfrentámos a verdade: alguns membros do clero abusaram gravemente de crianças e jovens. Não posso deixar de condenar com todas as minhas forças estes crimes, que devem ser denunciados junto das autoridades civis. E é com uma imensa vergonha que peço perdão às vítimas. Quero assegurar-vos que tudo faremos para que estes crimes não voltem a acontecer.

Através do escândalo dos abusos, tantas vezes passados em silêncio, nós cristãos, podemos perceber o poder destrutivo e perverso do pecado, que provoca uma rutura séria e dolorosa, deixando sequelas na vida de uma pessoa, que desfigura a visão da santidade de Deus e fere de forma atroz o corpo de Cristo.

O pecado está ao serviço da morte. Ele degrada o ser humano, nega a grandeza e a bondade do Senhor e destrói a credibilidade da Igreja. Fazê-lo, é uma contradição direta com tudo o que Cristo ofereceu ao mundo: vida e salvação. O pecado nunca é anódino, quaisquer que sejam as suas formas, e nunca deve ser subestimado.

A renovação interior que agora iniciamos, através da meditação, da penitência, da renúncia, da oração e da confissão, é mais do que o mero respeito por uma prática tradicional da Quaresma.

É um caminho experimentado e necessário para deixar o pecado e nos colocar de volta ao serviço da vida. A vontade do Senhor é que o homem viva. Pelo profeta Ezequiel,
Deus diz-nos: «Não sinto prazer na morte do ímpio, mas sim em que ele se afaste do seu comportamento e viva» (Ez 33,11).

Ao nos convertermos, o tempo da Quaresma é um tempo privilegiado para fazer a vontade de Deus de forma mais consciente. Na oração do Pai Nosso, fazemos nossa a petição que seja feita a vontade de Deus, e que assim o homem viva.

São muitos os casos em que as escolhas de vida estão fortemente limitadas, ou mesmo destruídas pela pobreza, pela doença, pela destruição ambiental, pela discriminação, pela perseguição e por muitas outras razões. Como cristãos, a nossa missão é também apoiá-los e defendê-los. A nossa obra social “partage.lu«(anteriormente Bridderlech Deelen) tem por missão ajudar os mais fracos, para que» possam viver" e opor o pecado da injustiça ao valor da solidariedade. Desde já agradeço o vosso apoio aos projetos desta obra.

Quero também partilhar convosco a minha preocupação em relação às nossas comunidades paroquiais, que também desejo que “possam viver”.

Além do cuidado com a oração pessoal e comunitária e com a celebração da Eucaristia, a introdução da catequese na paróquia tem um lugar muito importante. Agradeço cordialmente a todos os catequistas e voluntários, a todos os pais, aos colaboradores da Pastoral e aos sacerdotes e diáconos envolvidos nesta missão. A catequese diz respeito a todos porque propõe aos homens e mulheres, de todas as idades, a possibilidade de entrar em intimidade com Jesus Cristo. A catequese facilita um relacionamento profundo e pessoal com Jesus, sem o qual qualquer vida cristã autêntica e eclesial é impossível. Onde Cristo está vivo, o pecado está morto!

Há muitas formas de vos envolverdes na catequese: podeis participar na «catequese para todos», podeis ajudar na animação de um grupo ou dar testemunho da vossa fé, podeis colaborar na pastoral juvenil, podeis promover uma verdadeira «cultura de acolhimento» para aqueles que querem voltar à Igreja ou descobri-la. As necessidades são muitas e variadas. Se Cristo está vivo em nós, então testemunhar o seu amor torna-se uma questão de coração! Quão grande é a nossa alegria ao ver a fé crescer nos corações dos jovens e dos menos jovens.

Para além do vigor das nossas comunidades de fé, muitos são os que estão também preocupados com a sustentabilidade financeira dos nossos locais de culto. Com a nova legislação que regula o financiamento das nossas igrejas e capelas, precisamos de mais apoio de todos para que possamos realizar os nossos ofícios. Conto com a vossa generosidade.

Se olharmos para a realidade atual, sabemos que não teremos meios para manter todas as igrejas. Mais cedo ou mais tarde, também aqui ocorrerá um processo doloroso, no fim do qual teremos de lamentar a perda de algumas das igrejas de que mais gostamos. Embora a dessacralização deva ser sempre a última escolha, e sempre depois de esgotadas todas as outras vias, ela não pode ser evitada em todos os casos, seja a curto ou a longo prazo. As pessoas envolvidas nos novos órgãos do “Kierchefong” vão explorar todas as possibilidades, e desde já podem contar com o meu apoio. Quero aproveitar para deixar-vos aqui os meus sinceros agradecimentos por esta missão, às vezes, tão difícil.

Queridas irmãs, queridos irmãos

Somos testemunhas das mudanças profundas na Igreja e na sociedade. Para podermos acompanhar e coadjuvar este processo com um espírito positivo, precisamos estar permanentemente ligados ao Senhor da Igreja e do tempo. É apenas d’Ele que vem o sentido e o fim de todas as coisas. Rezemos com a nossa santa padroeira, a Consoladora dos Aflitos, para que a vontade do Senhor seja feita sempre. É da Sua vontade que se alimenta a nossa vida. Que o Senhor nos ajude a fazê-la e que minha bênção episcopal vos anime.

Luxemburgo, 22 de fevereiro de 2019, na festa da Cátedra de S. Pedro

+ Jean-Claude Hollerich
Arcebispo do Luxemburgo

Carta Pastoral para a Quaresma de 2019
PDF 716.7 kio, 5 de Março de 2019
 
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