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Hierdebréiwer & Messagen . Lettres pastorales & messages  
1 de Dezembro de 2019

Juntos somos Igreja

Carta pastoral pela ocasião do 150° aniversário da ereção da diocese do Luxemburgo

Queridos irmãos e irmãs,

Este ano começamos o tempo do Advento cheios de alegria, já a vislumbrar a Festa de Natal, mas também com os olhos postos no jubileu diocesano que vai ser celebrado em 2020. Durante este Ano Jubilar vamos celebrar os 150 anos da ereção da diocese do Luxemburgo pelo Papa Pio IX.

O início desta história leva-nos até ao dia seguinte à Revolução Francesa, há 200 anos. Ao contrário dos séculos anteriores, os católicos luxemburgueses foram reunidos em 1840, pela primeira vez, sob a égide de um vicariato apostólico, transformado em 1870 em diocese, e elevado em 1988 à categoria de arquidiocese, depois de ter sido governada pelas dioceses de Metz e Namur. No final da história, acabámos - todos juntos- numa Igreja particular.

É por isso que as celebrações do jubileu do próximo ano têm como lema "Juntos somos Igreja”

Nos últimos 150 anos, o nosso “Juntos somos Igreja«manifestou-se tanto pelo testemunho de fé individual, como pela vida das comunidades e das instituições. Muitos impulsos foram lançados por organizações eclesiais ou organizações próximas à Igreja, pelo zelo pastoral ou simplesmente pela nossa maneira de ser cristão. Escusado será dizer que esta evolução teve os seus altos e baixos, realizações heroicas e fracassos, períodos harmoniosos, mas também tempos de confronto entre a Igreja e a sociedade. A Igreja teve um impacto significativo na vida espiritual, intelectual e cultural do país e foi um poder que exerceu uma grande influência, a que não voltaremos a assistir no futuro. Será que nos devemos arrepender de tudo isto?»Quando sou fraco, então é que sou forte", escreve São Paulo (2 Cor 12,10). De fato, só somos verdadeiramente fortes se nos envolvermos com convicção como Igreja peregrina, na grande história de amor entre Deus e a humanidade, a história que a Bíblia nos revela.

No passado, formámos uma comunidade de destino, com as pessoas da mesma sociedade, no mesmo país. O meio sociológico era favorável a esta Igreja. Hoje a realidade é bem diferente. E se, durante o primeiro século de existência da nossa diocese, o número de habitantes era igual ao número de fiéis, o mesmo não se verifica atualmente.

Os cristãos são uma minoria. Para além disso, vivemos num mundo que está a mudar rapidamente e de maneira radical, até deslumbrante, graças ao pluralismo, ao individualismo e à digitalização da sociedade. No entanto, isso não nos deve desestabilizar e impedir que confessemos a nossa fé, felizes no mais profundo do coração. Muitas vezes, as minorias qualificadas insuflaram novas energias na sociedade. O próprio Cristo nos anima nesse sentido quando diz: «Não temas, pequeno rebanho!»(Lc 12,32). É assim que nos tornamos «sal da terra» e «luz do mundo» (Mt 5,13) através de uma Igreja capaz de irradiar o amor de Deus, para dentro e para fora. É assim que o nosso “Juntos somos Igreja" se pode tornar uma realidade.

Entremos cheios de confiança e gratidão no jubileu da nossa diocese! Agradeço sinceramente aos que apresentaram projetos ou contribuíram para a organização geral deste Ano Jubilar. Quero agradecer especialmente aos membros do grupo de trabalho «150 Joer Diözes»: Muito obrigado.

Mas enquanto festejamos não esqueçamos todos aqueles que estão à margem da sociedade. É por isso que gostaria de vos recomendar, de forma particular, dois projetos sociais que estão no meu coração: o primeiro diz respeito ao acolhimento de duas famílias de refugiados da ilha de Lesbos, acompanhadas pelo «Reech eng Hand» e pela Caritas, e o outro, é a construção de um novo centro «Tricentenaire», em Heisdorf, um projeto esperado por muitas pessoas portadoras de deficiência, à procura de um lugar.

Os jubileus convidam-nos a encher as nossas reservas de coragem e esperança para o futuro. "Juntos somos Igreja” convida-nos a ampliar a nossa visão em direção a uma Igreja que não existe para si mesma, mas que é chamada a semear a fé nos campos do futuro, partilhando alegrias, esperanças, tristezas, e os medos dos homens e mulheres do nosso tempo. Esta semente vai fecundar? Através da nossa presença, podemos promover o desenvolvimento social, cultural e intelectual, através dos nossos ritos, peregrinações, e de todas as outras tradições religiosas que fazem parte da identidade do nosso país. Temos também a ocasião de oferecer a fé aos jovens que procuram os valores espirituais.

A comunidade eclesial não deverá tornar-se num laboratório do futuro a partir das perguntas dos homens, confrontando-os com a eternamente atual mensagem do Evangelho? Essa mensagem repleta de autoridade pode fornecer referências importantes para hoje e para o futuro. De fato, devemos sempre perguntar-nos «qual o centro da nossa fé; como podemos ser juntos Igreja; o que manter, e de que teremos de fazer o luto?” O Papa Francisco convida-nos a deixarmo-nos guiar pelo Espírito Santo, para desenvolver um»Sensus fidei" e a iniciar novos caminhos.

Na sua primeira carta pastoral, Mons. Adames, o primeiro bispo do Luxemburgo, escreveu que dali em diante a Santíssima Virgem, padroeira da cidade e do país, seria também a padroeira da diocese. Vamos invocá-la especialmente em 2020, para que ela nos acompanhe no futuro com a sua intercessão e proteção materna.

Queridos irmãos e irmãs: juntos fomos Igreja, juntos somos Igreja e juntos seremos Igreja!

Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas somos chamados a construí-lo juntos. O futuro não é apenas o tempo que resta para vivermos, mas o tempo em que Ele vem ao nosso encontro e nos abre esse mesmo futuro. Possamos entregarmo-nos ÀQUELE que entrou no nosso mundo. Vamos agradecer a Deus pelo passado e pelo futuro com as palavras do «Grosser Gott, (Grande Deus):»Como eras desde sempre, assim Serás para toda a eternidade".

Luxemburgo, Festa de Cristo Rei, 24 de novembro de 2019

+ Jean-Claude Cardeal Hollerich
Arcebispo do Luxemburgo

Carta pastoral
 
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