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Hierdebréiwer & Messagen . Lettres pastorales & messages  
6 de Fevereiro de 2016

“Misericordiosos como o Pai”

Carta Pastoral do Arcebispo para a Quaresma de 2016

Queridas irmãs e queridos irmãos!

Este ano, o tempo da Quaresma reveste-se de um carácter muito especial. O tempo da Quaresma no ano da Misericórdia, que começámos a celebrar com toda a Igreja a 8 de Dezembro de 2015, põe no centro das nossas vidas, mais do que é habitual, a misericórdia de Deus. Durante estes quarenta dias do tempo de penitência pascal, devemos reflectir acerca da nossa caminhada com Deus e com os homens, perceber onde nos encontramos na nossa vida de fé e de oração, estar atentos aos nossos irmãos e irmãs, abrirmo-nos a Deus. Uma das mais belas imagens para este tempo de conversão é a parábola do Filho Pródigo (Lc 15, 11-32), que nos fala de um filho, que não quer continuar a viver na casa do pai bondoso, no bem estar do lar paterno. O filho quer fazer a experiência do “mundo”, procurar a felicidade noutros lugares, pensando que poderia ter uma vida mais agradável longe de casa, e longe do pai. No início tudo corre bem: não tem saudades de casa, diverte-se, e está sempre bem disposto. Até ao dia em que o dinheiro acaba, que os pseudo-amigos começam a abandoná-lo, e tem de começar a trabalhar, a guardar porcos. Depois de fazer um exame de consciência, e de uma grande reflexão, o filho decide regressar a casa e pedir ao pai que o deixe trabalhar como se fosse um dos seus empregados. A reacção do pai é a parte mais maravilhosa desta história: não se zanga com o filho, mas, pelo contrário, espera ansiosamente, todos os dias, o seu regresso a casa. Quando ainda estava longe, o pai vê o filho e, enchendo-se de compaixão, corre a abraçá-lo, não lhe pede explicações, e faz uma grande festa para celebrar o seu regresso.

Quando aplicado à nossa vida, esta parábola mostra-nos a misericórdia infinita de Deus. Deus está, todos os dias, à nossa espera, à espera que voltemos para Ele. Sim, Deus tem pressa em se encontrar connosco, para nos envolver com o seu amor e misericórdia. Podemos dizer que Deus é assim, e é assim para todos os homens. Este ano, o tempo da Quaresma convida-nos a deixarmo-nos tocar pela misericórdia de Deus, a deixarmo-nos invadir por esta misericórdia, e sentirmo-nos amados por Ele.

O sacramento da reconciliação, no qual vos convido a participar especialmente durante este tempo da Quaresma, é um momento privilegiado para sentir o amor e a misericórdia de Deus. Não se trata de nos sentirmos culpados, de termos a consciência pesada, ou de nos acusarem do mal que fizemos - mas se quisermos ser verdadeiramente honestos temos de reconhecer que não somos assim tão perfeitos, como muitas vezes queremos ser, diante de nós, e dos outros. Não se trata de uma questão de culpa, mas ao contrário, de nos deixarmos tocar pela misericórdia de Deus, que se expressa de uma forma muito concreta nas belas palavras da fórmula da absolvição dos pecados pronunciada pelo padre. Podemos então experimentar como somos importantes para Deus, como cada um de nós é único a Seus olhos, e como Ele nos envolve com o Seu amor. Não posso deixar de repetir mais uma vez: Voltai a confessar-vos! Abri-vos à misericórdia de Deus! Aceitai o amor de Deus!

A Quaresma não é apenas um tempo para nos deixarmos tocar pela misericórdia de Deus, mas também para praticarmos as Obras de Misericórdia. A tradição da Igreja conhece, para além das 7 obras espirituais, 7 obras de misericórdia corporais: dar de comer a que tem fome, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos, e dar esmola. Muitas destas obras são feitas por instituições da Igreja ou do Estado. Mas também aqui, e de forma ainda mais evidente, a questão principal passa por abrir o coração às pessoas com dificuldades, deixar-se tocar pela angústia dos que sofrem, e pensar como poderei, conscientemente, ajudar o outro no seu sofrimento, como lhe oferecer um lugar na minha vida, e na vida da sociedade, para que possa sentir-se aceite. Neste aspecto, os cristãos são particularmente interpelados, uma vez que vivemos numa época em que um tão grande número de pessoas vem bater à porta da Europa para poder encontrar um lar seguro. Será que estas pessoas, de repente, quando estão entre nós, perdem a dignidade de seres humanos? Não podemos falar apenas de um Deus que deve ser misericordioso connosco, quando fechamos o nosso coração, as nossas portas e as nossas fronteiras aos outros.

Queridas irmãs, queridos irmãos! Festejamos ainda neste Ano Santo da Misericórdia, o 350º aniversário da eleição de Nossa Senhora, Consoladora dos Aflitos, como padroeira da cidade do Luxemburgo. Não pensem que é um jubileu que nada tem a ver com o Ano Santo. Podemos invocar e reconhecer Maria como Mãe da Misericórdia, “Mater misericordiae”. Há mais de três séculos que a população se entregou à protecção e intercessão de Maria, e que desde então nos acompanha no Luxemburgo, protegendo o nosso país e os seus habitantes. Assim, o jubileu da Consoladora deve ser para nós um tempo de graça, durante o qual nos entregamos de novo a Maria, depositamos nas suas mãos as súplicas e a renovação da nossa Igreja do Luxemburgo, durante o qual lhe podemos entregar as preocupações do mundo. Maria acompanha-nos e conduz-nos, agora e sempre, ao seu Filho Jesus Cristo, em quem resplandece a misericórdia de Deus para nós, para que também nós possamos ser tão misericordiosos como o nosso Pai no Céu!

Luxemburgo, Festa da Apresentação do Senhor, 2 de Fevereiro de 2016

+ Jean-Claude Hollerich
Arcebispo do Luxemburgo

Carta Pastoral do Arcebispo para a Quaresma de 2016 (PDF)
 
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