Reech eng Hand – Dar a Mão: Ousemos reagir como cristãos!
Carta Pastoral do Arcebispo no acolhimento dos refugiados
Caros irmãos e irmãs em Cristo,
Há uns meses para cá, homens, mulheres e crianças encontram-se numa situação dramática. Fugindo da guerra e da miséria, tentam arriscar as suas vidas cruzando o mar pedindo proteção à Europa. Milhares de pessoas – que não trazem consigo na bagagem, nada mais do que a esperança de encontrar uma terra que lhes permita viver em paz – perderam a vida nesta ultima travessia.
A Europa tenta ajudar todos aqueles que têm de fugir do seu país, de acordo com os seus compromissos internacionais, para garantir a proteção dos direitos fundamentais de cada pessoa humana. Como crentes que somos, este dinamismo de solidariedade está enraizado no mistério da nossa fé. Para nós, cristãos, o modo de Jesus acolher as pessoas na fronteira é o exemplo a seguir. “Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.” (Mateus 25,40)
O Papa Francisco diz-nos: “Jesus é «o evangelizador por excelência e o Evangelho em pessoa» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 209). A sua solicitude, especialmente pelos mais vulneráveis e marginalizados, a todos convida a cuidar das pessoas mais frágeis e reconhecer o seu rosto de sofrimento sobretudo nas vítimas das novas formas de pobreza e escravidão. Diz o Senhor: «Tive fome e destes-Me de comer, tive sede e destes-Me de beber, era peregrino e recolhestes-Me, estava nu e destes-Me que vestir, adoeci e visitastes-Me, estive na prisão e fostes ter comigo» (Mt 25, 35-36). Por isso, a Igreja, peregrina sobre a terra e mãe de todos, tem por missão amar Jesus Cristo, adorá-Lo e amá-Lo, particularmente nos mais pobres e abandonados; e entre eles contam-se, sem dúvida, os migrantes e os refugiados, que procuram deixar para trás duras condições de vida e perigos.” [1]
Cada cristão tem escutado este apelo. Proponho, que juntos, nos ponhamos a caminho, como Igreja, no Luxemburgo, para prestarmos a nossa ajuda nestas situações dramáticas. É por isso que quero iniciar este projeto na nossa Igreja do Luxemburgo « Reech eng Hand – Reech Deng Hand » (Dar a Mão), dando a mão àqueles que são os náufragos de hoje. Este projeto debruçar-se-á sobre a questão do acolhimento dos refugiados e daqueles que pedem proteção internacional no Luxemburgo. Convido-vos, como comunidade cristã, a rezar e a refletir sobre as possibilidades de compromisso na vossa comunidade. Faço meu o apelo do Papa Francisco, ao pedir que cada paróquia acolha uma família.
É importante que cada comunidade pastoral procure e nomeie uma pessoa de contacto para fazer avançar o projeto.
Foi constituído um grupo de trabalho para desenvolver e coordenar este projeto. Este grupo apoiará as paróquias e instituições na elaboração dos seus projetos locais relacionados com este assunto.
Concretamente que podemos fazer?
Várias dimensões serão tidas em conta:
- Na dimensão do acolhimento, o que se refere ao acolhimento e acompanhamento dos refugiados que vivem na paróquia, a fim de lhes facilitar a integração, oferecendo-lhes o nosso tempo, a nossa amizade…
- No domínio da habitação: convido as comunidades e particulares a colocarem à disposição temporária os bens imobiliários. As fábricas da igreja que disponham de terrenos: a possibilidade de os arrendar por um espaço de tempo a definir, para que sejam instaladas estruturas de acolhimento. Convido as pessoas que tenham alojamentos vazios, de os alugar com garantias.
- Tudo isto só será possível com uma cooperação reforçada com as autoridades civis.
- Na dimensão política, consiste num trabalho de proposta e diálogo com as autoridades para melhorar a situação de proteção dos civis, tanto nos países de origem como na situação de fuga.
Juntos e em solidariedade para com a Igreja universal, podemos implementar um ambicioso programa que vá ajudar um número significativo de pessoas. Peço-vos, portanto, que acolhais a nossa iniciativa, unindo-vos como paróquia, como comunidade, neste processo, a fim de oferecermos um acolhimento digno e humano aqueles que pede o nosso apoio.
Entre os milhares de refugiados que chegam à Europa há muitos cristãos que tiveram de fugir por causa da sua fé em Jesus Cristo, e esta é a razão da sua perseguição. Eles esperam encontrar em nós uma ajuda fraterna que não podemos recusar.
Muitas vezes eu ouço falar do medo que a Europa cristã se perca, aceitando refugiados que professam uma religião diferente da nossa. Eu compreendo este medo, mas a Europa cristã perderá realmente quando fecharmos as nossas fronteiras e quando não vivermos mais os valores do Evangelho.
Faço apelo aos homens e mulheres, responsáveis no mundo da política, de tudo fazerem pela paz, trabalharem numa política vigorosa de paz, baseada na justiça.
Apelo aos responsáveis da UE para que o vigor que usam na resolução dos problemas financeiros o empreguem também na resolução dos problemas humanitários.
Um muito obrigado a todos vós, pelo vosso compromisso conjunto com todas as mulheres e homens de boa vontade, na resolução desta crise humanitária. Um obrigado especial, às pessoas, comunidades pastorais e religiosas que já estão comprometidas nesta causa junto dos refugiados.
Não caiamos na armadilha de apenas ajudarmos com dinheiro. Demos também o nosso tempo, a nossa energia…
Ousemos reagir como cristãos!
Luxemburgo, 16 de setembro de 2015
+ Jean-Claude Hollerich
Arcebispo de Luxemburgo
[1] Mensagem do Papa Francisco: “A Igreja Sem Fronteiras mãe de todos” – 101° Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, 18 de janeiro de 2015.
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